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Com o nascimento e a vigência da
Lei Geral de Proteção de Dados, a sociedade brasileira está tendo a
oportunidade única de ver nascer, se estruturar e crescer uma autoridade
reguladora e fiscalizadora.
Falo isso porque, para a grande
maioria de empresas privadas e profissionais, as autoridades e agências do
governo são entidades criadas e estabelecidas há tanto tempo que até dá a
impressão de sempre terem existido.
Mas é fácil comprovar que isso é
só impressão mesmo, pois, quando pesquisamos as datas de criação de algumas das
entidades mais conhecidas – o Banco Central do Brasil (BACEN) foi criado em
1964, a Superintendência Geral de Seguros (SUSEP) surgiu em 1967 e a Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nasceu nos anos 2000 – vemos que mesmo sendo
em outras épocas, não houve simplesmente um grande Big Bang das agências
reguladoras, pois suas existências foram determinadas em algum momento da
história pela publicação da respectiva legislação.
Ou seja, embora os profissionais
da atualidade tenham começado a atuar com a já existência desses órgãos, eles
também foram criados em determinado momento e também tiveram as respectivas
etapas de organização e estruturação. O fato é que os contemporâneos dessas
épocas não necessariamente continuam atuantes no mercado de trabalho atual.
E eis que os anos de 2020-2021
nos brindam com o movimento de criação, nomeação, divulgação e organização da
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Como Encarregada de Proteção
de Dados, ou DPO (Data Protection Officer), uma das minhas atribuições é
o acompanhamento das regulamentações da ANPD, e vejo como uma grata surpresa o
movimento desse órgão no sentido de envolver a sociedade em discussões que
podem e vão impactar as regulamentações que estão por vir.
Sim, porque para todo mundo que já
leu a LGPD, pelo menos uma vez, está claro que a legislação deixa muitos pontos
em aberto a serem regulamentados posteriormente, responsabilidade que recai justamente
nos ombros da ANPD.
Assim, é muito salutar ver a
ocorrência de audiências públicas via canais digitais, como o YouTube, com a
participação de representantes dos mais diferentes setores da sociedade. Ou
seja, a autoridade dá uma ideia de ser democrática e inclusiva com um tema tão
relevante quanto a proteção dos dados pessoais e o respeito à privacidade.
Embora existam ainda algumas
pessoas e empresas que torçam o nariz para a LGPD ou mesmo que acreditam que é
uma lei com alguma chance de “não pegar”, eu acredito na força de transformação
da LGPD e me mantenho otimista com relação aos benefícios à sociedade que essa
legislação pode trazer.
Por Luciana Miliauskas Fernandes (DPO da Azix)